Ex-diretor de cadeia alvo de operação é indiciado por receber propina de presos em troca de trabalhos em MT

Ex-diretor de cadeia alvo de operação é indiciado por receber propina de presos em troca de trabalhos em MT

By
5 Min Read

O investigado também ‘investiu’ em outros negócios para lavar o dinheiro, como uma loja de materiais de construção, comprou gado e construiu residências. Operação ‘La Catedral’ indiciou ex-diretor de cadeia e outros 18 suspeitos em MT

Polícia Civil

Dezenove pessoas foram indiciadas pela Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) por envolvimento em um suposto esquema de corrupção na venda de benefícios dentro da cadeia pública de Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá. Entre os investigados da Operação ‘La Catedral’, está o ex-diretor da unidade prisional da cidade, Janderson dos Santos Lopes, que teria recebido cerca de R$ 20 mil em propina de detentos, para autorizar trabalhos externos e alojamentos privilegiados no local.

De acordo com a Polícia Civil, o inquérito policial identificou 58 veículos, entre caminhões baús, reboques e semirreboques, caminhonete e carros de passeio em nome do ex-diretor. Além da frota de veículos, o investigado também ‘investiu’ em outros negócios para lavar o dinheiro, como uma loja de materiais de construção, comprou gado e construiu residências.

Mesmo preso em regime fechado, Janderson movimentava sua vida particular como se estivesse em plena liberdade, administrando as empresas abertas em nome de ‘laranjas’.

Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), as medidas cabíveis já foram tomadas em relação ao ex-diretor. Segundo o órgão, um novo servidor está sendo nomeado para a direção da unidade prisional.

LEIA MAIS:

Diretor de cadeia que recebia propina de presos em troca de trabalhos é alvo de operação que cumpre mais de 130 mandados em MT, PA, GO e MG

Investigação

De acordo com a Polícia Civil, o líder do grupo pagava propina em troca de trabalhos externos

Polícia Civil

Janderson é um dos principais alvos da investigação e está preso em regime fechado na unidade prisional de Primavera do Leste, após ser condenado a 39 anos de reclusão. Mesmo preso, a Polícia Civil identificou que ele tinha liberdade para continuar com as atividades criminosas liderando de dentro da cadeia.

O chefe já foi alvo de duas operações da Polícia Civil – Três Estados e Red Money – que investigaram os crimes de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele e a esposa tiveram os bens confiscados e arrestados nas operações, que é quando a Justiça apreende um bem para garantir um futuro pagamento da dívida.

Porém, após um ano da transferência de Janderson para a cadeia de Primavera do Leste, ele adquiriu um patrimônio considerável, incluindo a abertura de empresas, compra de uma frota de caminhões com reboques e semirreboques; imóveis em Cuiabá, Primavera do Leste e Poxoréu; e veículos de luxo para ele e para a esposa, que também foi presa.

De acordo com a polícia, o condenado também ostenta em rede social uma vida de alto padrão, compartilhando imagens dos caminhões, carros, construções imobiliárias e gado bovino.

A equipe apurou que Janderson tinha autorização judicial para trabalhar externamente e frequentar a faculdade em Primavera do Leste. No entanto, no período de investigação, a polícia constatou que ele não compareceu ao trabalho e nem às aulas do curso.

No ano passado, a Polícia Civil de Primavera do Leste instaurou uma investigação para apurar supostas irregularidades na cadeia pública. No inquérito, foi relatada a existência de um esquema de corrupção na venda de benefícios dentro da unidade que incluíam a autorização de trabalho externo e alojamento privilegiado na cadeia.

Entre os pagamentos de propinas para o diretor, foi apurado que Janderson teria transferido R$ 20 mil, por intermédio de outras pessoas, para conseguir trabalho externo. Além dele, outros presos também teriam feito pagamentos para o trabalho extramuros.

Nome da operação

Faz referência à La Catedral, prisão onde ficou o narcotraficante Pablo Escobar, na Colômbia. A unidade era vigiada pelos próprios homens de confiança do traficante, que fez do local uma extensão de seus negócios ilícitos e da prisão continuava comandando o tráfico de drogas e outras ações, até ser extraditado para os Estados Unidos. A prisão contava com regalias, como salas de jogos, academia e campo de futebol. Em La Catedral, Escobar realizava festas marcadas com bebidas, drogas e mulheres.

Share This Article
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *